domingo, 4 de julho de 2010

... mais outro ontem...

Never be lonely again...


Por que as vezes a energia escoa de nós ão rápido quanto sangue numa jugular rompida?...

Eu pensei estar melhor... Mas só o que fiz no sábado foi arrumar muito pouco esta casa... Sentir a imperiosa nulidade de minha existência... Sem tesão... sem dom que se pronuncie... sem inspiração alguma... sem planos ou sonhos... Sem risos ou falas... só... como se o tempo houvesse desabado sobre mim e me enterrado viva... Longe de todos e de qualquer sentido que me prometesse salvação...

Filmes nojentos na TV... Amores tão perfeitos... Entregas... Tudo tão simples e claro... Os odeio... Tenho tanta inveja e tanta desesperança, tanta necessidade e tão pouca credulidade, que só me resta isso... detestar... Ranger os dentes e chorar e esconder as lágrimas no travesseiro amassado, porque nada daquilo é verdade... não para mim... não acontecerá comigo... não me pertence... E quando eu digo que não existe, como forma de me perdoar, de não lastimar tanto o que passo, alguém sempre me esfrega sua felicidade real na cara...

Não... Não é que a felicidade não exista. Não, nem todos os homens são uns filhos da puta... Não, nem sempre você apostar tudo no amor dá só desilusão...

Não, minha cara. Eu me olho no espelho, e reconheço, só para mim mesma, bem baixinho: a culpa é toda sua, você nunca mereceu nada diferente.

Eu choro. Adormeço. Sozinha. Sem norte. Sem calor humano algum que me enlace. Sem palavra alguma que seja para mim, só a TV e sua maldita tagarelice falando de tantas outras vidas... de tantos outros talentos... de gente que faz-se valer, que consegue...

E minhas páginas todas estão amareladas pelo chão... Meus personagens estão mortos... Meus traços já não tem vigor, já não se reviram na ponta de carvão do meu lápis...

E as cordas do meu coração já não tem música alguma que não seja a elegia de mais um dia que se vai, sem qualquer conquista, sem qualquer brilho, sem promessas... beijos... ou mãos...

Queria fechar as cortinas dessa tarde que se foi... e ter tempo de descobrir como iniciar o próximo ato sem temer que tudo será exatamente igual...