segunda-feira, 21 de setembro de 2009

... silêncios e oferendas...


I want you to remember...
A love so full it could send us all ways
I want you to surrender...
All my feelings rose today!

And I want you to remain...
The power of children can amaze
I'll try not to complain...
I know that's a pisser baby!

The chemicals between us
The walls that lie between us
Lying in this bed
The chemicals displaced
There is no lonelier state
Lying in this bed

I want you to remember...
Everything you said
Every driven word...
Like a hammer fell to my head!

The chemicals between us (...)
Lying in this bed (...)

The chemicals between us
The chemicals between us
Chemicals

The chemicals between us


[The Chemicals between us, by Bush]


Fim de semana revigorante... O Sol, você vê, não se foi... - ele ficou para nos aquecer, todos juntos, naquele quintal verde...

O quanto posso simplesmente me deixar ficar ao teu lado, sem nada mais?... sem sequer te olhar por mais que uma fração discreta e moralmente correta de segundo... Você nota?... Sim... Eu sou uma pessoa desalmada. É uma contradição que também me fascina: como posso sentir tão intensamente e, de um instante para outro, como consigo estar tão solta e vazia de tudo sem sentir dor alguma, como tenho a frieza de deixar passar, de perder?! Por que jamais me permito gritar, ou soluçar, ou pedir? - espere... fique... volte... me diga de novo...

Isto significa que minha vó estava certa e que sou venenosa e ruim?... ... ... Tsc... Não, não tema - eu não creio nisto... Hm - a pobrezinha confundiu tudo... anos depois, ela mesma retirou essas palavras... Porém... elas sempre voltam... - as dos meus pais também... Tenho muitas palavras que se erguem de seus pequenos túmulos, lá no fundo de minha memória, e transitam, sem serem chamadas... os zumbis dos filmes de terror jamais são esperados, também... Elas trazem junto - e não deviam, é disso que tenho mais horror! - aquele mesmo gosto de fel e sangue, aquela tristeza muda e consolada de criança, simplória. De repente... anos recuam... De repente, sou pequena e abandonada de novo. Tão indefesa e ferida. E tão desgastada, ao mesmo tempo - como uma menina pode perder as cores assim?... Deixei meu sorriso aos pés do meu pai, um dia de domingo... Lembro a janela do sobrado, a calma bege e cáustica de um cálculo - "não presto... se eu me atirar daqui... e morrer... eles ficam em paz... eu fico quieta... tudo termina... será?" Tampinhas de metal dentadas marcando-se no meu antebraço muito branco, a cor, quase leite, enfeitando-se de pequenos círculos raiados, como sóis vermelhos em destaque... Ah... Essa pequena cobra... esse ser voluptoso... essa filha traidora que sou... Ou não?... Depende tudo de como vês...

Não se abale com nenhuma dessas palavras... São confissões que exorcizo pelas grafias dessas letras - falar disso faz com que isso perca poder sobre mim... E se lembro agora... qual foi o nexo?... ah, sim... lembrei... a vida eterna das palavras... a minha insensibilidade mórbida às perdas... e minha grande capacidade de procurar sempre a tentação mais perigosa... talvez, como naquela música, eu goste de flertar com o desastre... Não sei... Por que não me explica? Você sabe?...

Não era sobre isso que vim escrever... Não mesmo... É que se tornou minha rotina reler tuas palavras... Como quem volta e volta de novo, milhares de vezes, para rever uma tela. Cada vez sob um olhar diferente. Redescobrindo. Aprendendo. Extraindo novas sensações. Saboreando. Quero te dar esse segredo meu.

Me conforta... Teu calor através desse símbolos alfanuméricos, me afaga e me enlaça... Assim, suporto não poder correr em tua direção... E estar aninhada sob tua mudez... Não preciso, realmente, que digas nada... Assim mesmo, quero que me contes tudo. Tudo até onde puderes e quando não mais, como um orgasmo seco, que vertas as ondas da tua alma, aquilo que nem mesmo tu sabes de ti, para mim... Não menos. Não mais.

As vezes tu me preocupas... Teu espírito transita por um mundo de fantasia, e sei como é encantador estar por lá... Mas apesar disso, sim, sei que é cinza, frio e pouco poético - tu és daqui, sangue dessa terra que não nos merece, mas que nos pariu... O céu e as estrelas também são nosso lar... nossos irmãos... Não faz mal se sentir assim... Não faz mal abandonar tudo um pouco, rejeitar essa mequinhez e voar... Mas... Lembras sempre de voltar, está bem?... Pois eu tenho uma terrível propensão a flertar com o desastre...

As vezes tu não tens idéia de quanto meu peito fica pequeno... Sinto como se fôsse explodir, como se não houvesse como mais guardar isso, sentimento e felicidade, como se essa coisa pudesse criar matéria e luz e nascer de entre minhas costelas, num fluxo, quente, bom, interminável... Minha respiração fica estranha... E meus olhos se perdem... Tenho impressão que estou leve demais para pisar no calçamento - e se algo me arrastasse?...

Parece que preciso gritar e gritar, o mais doce que puder, com todos os gemidos e sussurros, com a canção mais bela que pudesse: te a--, te a--, te a--! tantas e tantas vezes, até que cada palavra já tivesse perdido seu som e saísse de mim em cores e pulsações... tantas e tantas vezes que eu teria medo de desgastar-te, de lavar-te como rio terrível, que escava a pedra mais dura até torná-la areia e arrastá-la consigo, inexoravelmente, pela eternidade... tantas e tantas vezes que exauriria de significados essa pobre palavra...

"amor"...


Nenhum comentário: