domingo, 5 de julho de 2009

... é depois que perdemos que...


Fôra uma semana tensa de rastreamento e infiltração cuidadosa até chegar ao líder rebelde e o centro de seu núcleo terrorista. Suas armas eram básicas, mas haviam se precavido fusionando a elas o poder das materias. Gostara do desafio, terminando a chacina com satisfação. Coletara paralelamente um bom número de objetos resgatando-os para as mãos da poderosa ShinRa Corp.

Neste instante, porém, sentia-se insuportavelmente entediado. Os olhos se prendiam ao teto branco, onde cores e luzes brincavam, refletidas do monitor esquizofrênico, que lhe dava as últimas notícias, entre elas o seu sucesso. Entre suas coxas, a nova criada pessoal parecia acreditar que o arrasava de prazer, com sua felação molhada e barulhenta.

Jamais pensara antes que voltar para sua gaiola de concreto e aço poderia vir a ser ainda pior... A cada vez que era chamado, tinha mais vontade de que sua missão o tragasse por um período infinito de tempo. O mais longo possível.

A música tocando era a mesma. O ambiente, igual. A comida, esta era diferente - mas tudo bem, ele se acostumara. Havia aquela bela garota, que não parecia em nada com sua primeira. Era obediente, como a outra jamais aprendera a ser. E calada, a não ser no sexo, como agora, quando disparava obscenidades. Sexo, sim, havia muito disso...

Impaciente, jogou-a de lado e levantou-se. Focou-a por um átimo, e lá estava aquela feição submissa e profissional. Nenhuma indignação. Sem questioná-lo. Ou odiá-lo.

Ao passar pelas prateleiras, suspendeu o passo, sentindo uma fisgada incomum no peito. Virou-se, admirando com curiosidade mórbida o pequeno objeto que o ferira.

Uma frágil estátua de gueixa retribuia seu olhar com insolente doçura.

E ele quase sentiu-se em casa...


[The Slave with a Key - parte 6]

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