quinta-feira, 31 de julho de 2008

... só números...

You're keeping in step
In the line
Got your chin held high and you feel just fine
Cause you do
What you're told
But inside your heart it is black and it's hollow and it's cold

Just how deep do you believe?
Will you bite the hand that feeds?
Will you chew until it bleeds?
Can you get up off your knees?
Are you brave enough to see?
Do you want to change it?

[The Hand That Feeds by Nine Inch Nails]


Olhava o olho do Sol arregalado no céu alaranjado. Os pés - firmes no chão. Queixo erguido. Nem submisso, nem desprotegido. Só por uma breve fração de segundo. E os ombros voltaram a cair. O corpo voltou a deslizar mediocramente em passos miúdos e hesitantes.

Era como um mirante e a vista estendia-se por quilômetros lá de cima.

Uma máquina perfeita chegara antes e fitava o Astro iluminar o oceano e subir pela planície fria. De esguelha, espiou-o: "... você tem alma?..."

Debruçou-se nos escombros, indolente e repulsivo em sua atitude cética, passiva demais. Os olhos do Ex-Soldier faíscavam de energia e de gana. Era certo que tinham muitas divergências. E o garoto albino não gostava que o outro tivesse tanta persuasão sobre Sete.

Sete, sim. Sete. Número 7. Este é o verdadeiro nome daquele que o acompanha. Sete. Isso era outra coisa que o descontentava: aquele contra-molde metálico ousara dar-lhe um apelido. O único nome pelo qual 7 poderia ser chamado era...

Ah, chegará o dia, enfim - e não estava tão longe agora - em que ele, Zero, gritará o nome merecido por 7, irá chamá-lo pelo seu nome e despertá-lo. E então... Até mesmo a Lua tremerá e sua face mudará em face do que será testemunha.

Encarou o Sol de frente e sentiu calafrios de prazer, a garganta comichando com a gargalhada retida - ah, que surpresa terão quando o verem, a ele, Zero, reduzido antes a uma cobaia de laboratório, subestimado, manso e apático, quando o verem sobre tudo. Pobres idiotas, com que cara urrarão seu grito de morte?

Desafiou a máquina uma última vez, antes de retirar-se, medindo-a, sempre, com sua fala tola de criança. Sentia a aproximação de seu descendente. Que viesse abedelhar. Não poderia evitar.

Saboreou o desprezo do rapaz alto. Assim era bom.

Jamais julgue um livro pela sua capa.

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