segunda-feira, 4 de maio de 2009

... nada nesta mão... nem na outra...


The sun is gone and the flowers rot
Words are spaces between us
And I should have been drown in the rivers I found of token lost
And I should have been down when you made me insecure

So break me down if it makes you feel right
And hate me now if it keeps you alright
You can break me down if it takes all your might
'cause I'm so much more than meets the eye

And I'm the one you can never trust
Because wounds are ways to reveal us
And yeah I could have tried and devoted my life to both of us
But what a waste of my time when the world we had was yours

So break me down if it makes you feel right (so break me down)
And hate me now if it keeps you alright (so break me down)
You can break me down if it takes all your might
'cause I'm so much more than all your lies

Hate me, break me down. (so break me down)
Down. (so break me down)

So break me down if it makes you feel right (so break me down)
And hate me now if it keeps you alright (so break me down)
You can break me down if it takes all your might
Because I'm so much more than meets the eye.


[Fake it, by Seether]


Ele a escutou chegar muito antes de vê-la... E seu aroma - aquele que o inebriava tanto quanto antes (ou mais) - foi o que lhe coube: um resto esquálido de tudo que ele sonhara para eles... um efluxo evanescente no ar mecânico de Midgard... que ele reteve para si muito mais longamente que a fração de segundo que, por um acidente, ela dividiu com ele, ao roçar-lhe na corrida para os braços do ex-Soldier...

Correndo, passando por ele como se fôsse um fantasma...

Correndo, endereçando a outro a flor violenta e sofrida do hálito de seus lábios, em palavras desesperadas... em súplicas de que lhe devolvesse os filhos raptados... que os salvasse para ela... - como se aquele assassino de pele de alabastro, postado a uns metros dali, jamais tivesse entrado em sua vida.


Passou por ele - uma onda de impacto - e o turbilhão incandescente e crescente de frases trocadas com Drako inflamou sua vista e seus ouvidos. E, desta súbita Rosa de Hiroshima, Ash recebe o baque e o vácuo. O cérebro desbotado em branco como os olhos cegos das vítimas para aquela luz que lhes é demais, a derradeira. Um instante de total não-existência, como aqueles infelizes que tornaram-se instantaneamente um simples borrão em carbono de suas silhuetas decalcado numa parede...

Então... como se realmente houvesse sido alvejado - como tantas vezes fôra - de uma só e aguda vez foi perfurado por uma dor ardente e tóxica. Os músculos quiseram contrair-se e puxá-lo sobre si mesmo. Arfou, pulmões achatados contra a espinha. Sem perceber-se, tateou o esterno e o peito. Mas o que o transpassara não lhe rompera carne ou ossos...


Desnorteado, testemunhou sem conseguir se negar a ver toda a cena... Apesar daquilo queimar-lhe algum órgão etéreo ou indefinido, ele permaneceu rígido e atento e tomou a missão para si, mesmo sem ser incluido - pôs-se a caminho. E passando por ela... Reteve seus passos... Dedicou-lhe o mais macio de sua voz, não compreendia a pouca importância do seu esforço - não só pelo momento, mas porque se originava de sua boca...

Entre as nuvens, afastado daquela criatura dourada e intocável, outra lhe mostrara o reverso daquela moeda... Veio a ele por sua vontade e jogou em seu colo suas esperanças, com uma honestidade de criança. Resistiu-lhe, hesitando, presumindo uma culpa por um tormento que logo ele perceberia, ser nada além de ecos numa concha oca...

Mas naquele instante - este mesmo, veja! - em que ele
se atira do corrimão da lúgubre Airship aos braços da esplêndida Ane, e seu olhar a abarca firme e confiante, lhe garanto que não o faz por um arroubo de paixão. Todos os seus tenros e frágeis sentimentos pela ninfa de fogo estão lacrados. O que divide com ela naquele momento em que seus corações explodem é o desejo febril de lutar a luta de sua família, de vencer sob as asas dela a distância que podia encolher sua vida, a qual daria sem pestanejar atendendo ao pedido daquela outra mulher...

E apesar da forma que se lança contra os tentáculos serpenteantes que partem a neve até rachar a própria crosta do Planeta, Amber só tocaria em seu nome como um covarde que fraquejava em determinação e caráter... Nem mesmo ter sobrevivido a grave tarefa de defender com aquela draconiana seus companheiros, insistindo em conter o avanço do monstro cujas órbitas oculares eram nada mais que crateras torradas agora, foi suficiente para que tivesse qualquer crédito em repousar depois naquelas ruínas...

Ele era uma ofensa no lar de sua amada, esta noite gelada. Seu empenho kamilaze contra o colosso vermelho tinto como sangue recém cuspido, ou contra o absurdo de um Cetra que empenhara-se em bani-los do Mundo - nada disso cobrira ele com os louros reservados ao seu amigo - ela só lhe coroaria com sorrisos falsos e estenderia sobre ele uma capa de mágoas encarnadas...

Capa que ele, só no fulgor bruxuleante daqueles minutos em que seus passos lentos o aproximaram do batente da porta, entendia agora não ter sido tecida para ele. Havia sido enganado, como por um truque de prestidigitação: tanto o amor, quanto os ciúmes que a nórdica lhe bordara, estavam lá - depositadas ao redor do pescoço de seu amigo. Onde estavam em seu lugar de direito. Por um floreio qualquer de espetáculo, algum entretimento ou hocus-pocus, fôra levado a pensar que o coração dela estava em suas mãos.

Jamais estivera...


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