sábado, 16 de maio de 2009

... o coldre perfeito...


Tudo era metálico e assepticamente ordenado. Uma luz apática, fluorescente, deixava todas as coisas cítricas. Uma ou outra lâmpada piscava ao longo do corredor de portas numeradas e códigos de barras. As solas das botas dos outros marcavam a cadência dos passos repetitivamente, e enojavam-lhe. A borracha guinchava contra a lâmina reluzente do piso: tinha ânsias de rasgá-los.

O lugar obrigava-o a lembrar-se sem cessar de que era um Projeto da ShinRa. Uma arma deles. E estava sendo guardado no depósito. Tocou na chave que pendia em sua garganta e puxou-a de lá por sobre a cabeça. A corrente cantou para ele. Um som bonito. O cartão metálico exibiu um flash nos veios de cobre do chip e escorregou para dentro da fechadura e para fora com um BIP musical e um estalido de travas, rotineiro. A porta de contenção abriu-se com um bufar de pistões pneumáticos. Sabia que tinham anotado coisas sobre sua última missão. Seu comportamento...

Hesitou em entrar. Ali era onde o trancafiavam no vazio entre as missões. Talvez um dia não o deixassem sair. Ouviu às suas costas um riso furtivo. Mirou sobre o ombro. Todos o cuidavam, aqueles vários rostos humanos, sem nome, sem nenhum tipo de contato com ele que não fôsse esse protocolo. Silêncio e concentração. Escutava a arritmia de seus corações muito mais alto, agora, que se detivera e os encarava. O cheiro do suor que gotejava de seus corpos. Medo. Sabia exatamente quem fôra. O homem se encolheu.

Eram humanos, não podia... Vestiu a corrente lentamente sobre a cabeça e aceitou. Entrou.

Sua 'tropa de apoio' aguardou entre as paredes maciças até que a passagem se lacrasse uma vez mais e as enormes lingüetas de aço estalassem sinalizando que haviam cumprido sua missão. A câmera de vigilância enquadrou os rostos aliviados, depois arrogantes dos soldados. Eles já voltavam, sem incidentes a reportar.

Um deles não será mais escalado...

[The Slave with a Key - parte 2]

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