quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

... meu filho odiado...


"Traditional Japan embraced sexual delights (...) For sexual enjoyment and romantic attachment, men did not go to their wives, but to courtesans. Walled-in pleasure quarters were built in the 16th century,[7] (...) and within which "yūjo" ("play women") would be classified and licensed. The highest yūjo class was the Geisha's predecessor,
called "Oiran", a combination of actress and prostitute, originally playing on stages set in the dry Kamo riverbed in Kyoto. They performed erotic dances and skits, and this new art was dubbedkabuku, meaning "to be wild and outrageous". The dances were called "kabuki," and this was the beginning of kabuki theater.[8]"



O grande e luxuoso apartamento estendia-se, centenas de metros, câmeras, wi-fi, comunicadores, enormes telões e fontes de projeção holográfica. Branco. Branco como as vestes de luto. Branco, como as roupas que seu pai usaria pelo resto da vida. O primogênito havia morrido. Havia sido morto. Executado, os policiais disseram. Seu corpo dilacerado foi cremado, sem que pudessem velá-lo em caixão aberto. Os Takeda vieram, de vários pontos do Japão, e até do exterior, e lamentaram aquela perda. O herdeiro mais promissor de seu clã, aquele que incorporara tão bem os valores e tradições da família, fora eliminado.

Anos se passaram antes que o casal se recuperasse do baque. A idade já avançada foi vencida por remédios e terapias - a fertilidade foi forçada a se manifestar nas sementes já desgastadas, já adormecidas, que levariam para sempre ao esquecimento aquele sangue. Um menino foi implantado no útero já morno. Nasceu uma criança que passaria a ser sempre cobrada pelo modelo perfeito do irmão mais velho que jamais conheceria. Um cadáver contra quem era impossível competir, ainda mais vencer.

O menino foi lapidado desde tão tenro que mal se pode dizer que teve infância. Tudo que fazia destinava-se a aprender a ser um Takeda, a elevar o nome da família ao patamar que uma vez este renomado clã de samurais havia ocupado. Seu pai o fazia excursionar pelas casas-de-chá, pelo dojo, pelos infinitos andares da corporação em Tokyo. Lia os grandes livros para a criança que ainda não sabia ler. Treinava-o com a espada de bambu desde que ergue-se nas pequenas pernas. Ensinava-o a tirar tudo das máquinas, da WIRED, das pessoas.

Mas o garoto não era tão agressivo quanto o irmão. Preferia o ikebana ao hapkido. Preferia caligrafia a administração. Por que haviam dado um segundo filho que não chegava aos pés do primeiro?... Essa reflexão ficou ainda pior quando foi demitido da empresa que sua própria família fundara. Tantos anos, tantos amigos, e ninguém para oferecer uma nova oportunidade. Focar-se sobre suas outras paixões e sobre sua grande amargura: o filho que não lhe orgulhava, era só o que restava nas longas horas que seguiam-se, febris e decadentes.

A mãe foi-se. Devagar. Penosamente. O câncer roeu suas entranhas pouco a pouco. Meses e meses de luta. Bilhões jogados fora na vã tentativa de salvá-la. No dia de sua morte, seu pequeno filho ao vê-la no leito do hospital, vomitou. A linda mulher tornara-se uma pobre massa de carne repulsiva. E então... nada...

Economias hemorragicamente gastas, propriedades vendidas em liquidação, e nada mais também restando aos dois Takeda sobreviventes. O velho pensa no haikiri. O menino chora abraçado à sua perna trêmula. O menino. Aquele que viverá após ele. Que levará seu nome adiante. Uma fina esperança. E uma viagem a Noir, a meca das oportunidades, a capital do Mundo.

Que belo engano...
[Noir - characters' profiles]

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