quinta-feira, 20 de novembro de 2008

... heranças em branco... [New Edda Arch]


[New Edda Arch ~ texto 1,

para acompanhar o arco, ler tb
> http://ashrann.blogspot.com/]



Na luz mortiça, fria, do hangar no alto do prédio da poderosa ShinraCorp, tudo o que lhe cruzava a alma eram sons, estilhaços de memórias terríveis, cores em flashes. Tudo se passara rápido demais para que ele pudesse arrazoar qualquer coisa - ele se mostrara péssimo de improviso.

Cortou-lhe a confusão aquele talhe vertical e branco, de alto a baixo: Zero. Ergueu seu único olho, como a Lua amarela que se levanta do horizonte e sobe - encontrou a face albina, emulando um rosto de criança aquele serzinho...
- Ninguém está te mandando embora...
- Eu não disse isso. - retrucou, rápido e ríspido como um de seus golpes.
- Não podemos combater aquelas coisas... ainda... precisamos ant-
- Não te pedi ajuda.
- Ora-
- Nem permissão.
- Que insolente de-
- Me mate, se quiser me deter.
- Está cometendo outro erro-
- Não tenho como saber. Quem pode garantir? Hein?! Eu não roubei a Huge de Drako e olha tu-... É meu livre arbítrio, minha escolha.

Passa como uma sombra ao largo do jovem que lhe cedeu seu DNA, ou parte dele. Mas daí a você chamá-lo de pai do homem que anda como uma fera, ah bem...
- Estamos ligados, mesmo que tu pense que pode ser livre, Sete.
- Não me disse nenhuma novidade... - replicou muitos passos à frente, correndo o olhar felino sobre cada veículo estacionado.

Qual deles serviria para sua busca? Que o deixassem simplesmente voar dali. Não pedia nada além. Esquadrinhar cada pedra de Corel. Rastreá-lo. Achá-lo. Dar-lhe socorro. Deuses! Tivera ganas de se atirar da Airship em pleno vôo, quando simplesmente o ignoraram e zuniram direto a Midgard. Ele estava atrasado, irremediavelmente atrasado!
- Te chamo pelo teu nome... Fenris' úlfr!

Uma palavra. Sussurrada às suas costas. Um baque tal como se tivesse lhe partido a espinha! - agarrou-se como pôde à couraça de metal reluzente ao lado, viu nela seu reflexo, a máscara de seu rosto distorcida num estado de absoluto pavor.

Todos os músculos do seu corpo se contraíram, se fechando contra seu centro num nó cego. Era como se lutassem contra algo que vinha explodindo de dentro, que iria rompê-lo em pedaços, um halo crescente de napalm, uma rajada de estilhaços, uma supernova. Aquela coisa o arrastara para o chão, estava se alastrando, estava escavando seu espírito, infiltrando-se em sua mente, infestando cada fibra de sua carne. O coração, sobrecarregado, falhava e num solavanco intenso e torturante, tornava a pulsar. Puxava com ódio e medo, arrasado em impotência e desconhecimento, a figura daquele garoto, aquele rosto tão apático, no fio de seu olhar, no feixe de sua pupila quase fechada.
- Ah... vejo que agora tenho a sua atenção... É o fato. Agora, acha que sabe quem é?... Pese isso. - olhou com um desprezo cruel e virou-se, abandonando-o num passo devagar, quase um deboche - Pense que isso é meu presente de despedida prá você... Poder. Descubra-o. Você nem sabe como lutar ainda... Não passa de um reles pobre coitado, que imagina-se como os outros criados naquele laboratório... Não me decepcione... ... ... Prove que é digno de ser... meu filho legítimo.

E finalmente, o olho de Ashrann não pode mais acompanhá-lo...

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